Sabe quando a gente tem aquela ideia maluca que não sai da cabeça? Foi assim comigo e as maquiagens. Eu vivia comprando produtos, assistindo tutoriais e maquiando minhas amigas nos fins de semana. Daí para sonhar com minha própria lojinha foi um pulo! Mas calma lá… entre sonhar e fazer acontecer tem um caminho e tanto. Hoje quero dividir com você tudo que aprendi nessa jornada, os perrengues e as alegrias de montar meu próprio negócio.
O que eu queria ter sabido antes de abrir minha loja pequena de maquiagem
Vou ser sincera com você. Eu achava que era só alugar um espacinho, comprar uns produtos bonitos e pronto! Ledo engano. Quase pirei quando vi a quantidade de coisas que precisava resolver. Mas respira fundo que dá certo, viu?
O mercado de beleza no Brasil é tipo aquele primo que não para de crescer. Mesmo quando a economia está aos trancos e barrancos, as pessoas continuam comprando maquiagem. É ou não é uma boa notícia pra gente?
Por outro lado, tem muita gente vendendo. Na minha cidade, que nem é grande coisa, já tinha três lojas quando comecei. E você, já deu uma olhada na concorrência por aí?
Colocando a mão na massa: os primeiros passos
Antes de sair comprando tudo que é coisa (tentação danada!), precisei sentar e planejar. Peguei um caderninho e fiquei três meses anotando ideias, fazendo contas e pesquisando. Parecia uma eternidade na época, mas olhando pra trás, foi o que salvou meu negócio.
Fuçando o mercado: quem vai comprar suas maquiagens?

Primeira coisa que fiz foi conversar com um monte de gente. Literalmente parava as mulheres no shopping e perguntava: “Ei, posso te fazer umas perguntas sobre maquiagem?” Algumas olhavam torto, mas muitas topavam o papo.
Descobri que muita gente tava cansada de produtos caros e atendimento de nariz empinado. Elas queriam coisas boas, mas sem precisar vender um rim pra comprar.
Também fiz aquela visita nas lojas concorrentes, me fingindo de cliente. Anotei tudo: os produtos, os preços, se a vendedora era simpática ou tinha cara de quem comeu e não gostou. Vocês não têm noção do que aprendi só observando!
Que tal você fazer uma listinha também? Anota aí:
- O que as pessoas mais procuram?
- Quanto elas estão dispostas a gastar?
- O que elas reclamam das outras lojas?
- Tem algum produto que todo mundo quer e ninguém vende?
Achando seu lugar no sol: o que te faz diferente?
Olha, não adianta ser mais uma loja igual às outras. Você precisa ter algo que faz o povo falar: “Ah, vou naquela loja da fulana porque lá tem isso!”
No meu caso, percebi que quase ninguém dava bola pra maquiagem pra pele negra e morena. As meninas viviam reclamando que as bases eram todas para pele clara. Achei meu filão!
Você pode focar em:
- Produtos veganos (tá super em alta)
- Maquiagem para peles maduras (o povo de 40+ tem dinheiro e quer se cuidar)
- Produtos para maquiadores profissionais
- Marcas naturais que não testam em bichinhos
Botando no papel: seu plano de negócios sem frescura
Já vou avisando: plano de negócios não precisa ser aquele documento chato de 50 páginas. O meu tinha 5 folhas escritas à mão! O importante é ter as informações principais:
- Quanto vai custar para começar (aluguel, reforma, produtos, móveis)
- De onde vai vir o dinheiro (economias, empréstimo, sócio)
- Quanto você precisa vender por mês pra não ficar no vermelho
- Como vai divulgar sua loja
Fiz as contas na ponta do lápis. Precisava de R$ 40 mil pra começar com o pé direito. Tinha R$ 25 mil guardados e peguei R$ 15 mil emprestado com meu pai (que ainda me cobra até hoje, mas tudo bem).
A chatice necessária: a parte burocrática

Essa parte é um saco, não vou mentir. Mas se não fizer direito, depois a dor de cabeça é maior. Contratei um contador conhecido da família que me cobrou mais barato. Melhor dinheiro gasto!
Abrindo a empresa: escolhendo o tipo certo
Tem várias opções, mas como eu tava começando pequena, abri como MEI (Microempreendedor Individual). É mais simples e barato – pago só uns R$ 60 por mês de taxas.
Se você pretende faturar mais de R$ 81 mil por ano, vai precisar abrir como ME (Microempresa). Aí já é outro papo, com mais impostos e obrigações.
Licenças que ninguém te conta, mas você precisa ter
Para abrir minha loja, precisei correr atrás de:
- Alvará da prefeitura
- Licença da vigilância sanitária (sim, porque vendemos produtos que vão na pele)
- Certificado do corpo de bombeiros
Levou quase dois meses pra conseguir tudo. É um tal de vai lá, volta aqui, leva documento, falta assinatura… Tenha paciência! Ou contrate alguém pra fazer isso pra você.
Protegendo seu nome: vale a pena registrar?
Eu registrei o nome da minha loja “Cor & Brilho” no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Custou uns R$ 700, mas me deu segurança. Imagina só montar toda a loja e depois descobrir que alguém já usa o mesmo nome e pode te processar? Melhor prevenir.
“Uma marca não é só um nome bonito. É a impressão digital do seu negócio, aquilo que as pessoas vão lembrar quando pensarem em maquiagem.” – Minha amiga Joana, que trabalha com marketing há 10 anos e me deu esse conselho de ouro.
Montando a loja: a parte divertida (e trabalhosa)
Agora sim, a parte que eu mais gostei! Ver minha lojinha ganhando cara foi demais. Limpei, pintei, coloquei prateleiras… Meus amigos até estranharam me ver com furadeira na mão, mas o resultado valeu cada calo!
O ponto: onde montar sua loja sem quebrar a banca
Não tinha grana pra alugar no shopping, então achei um ponto numa galeria perto de um salão de beleza bem movimentado. Aluguel: R$ 1.200 por mês.
Dicas para escolher um bom lugar:
- Tem gente passando na rua?
- As pessoas conseguem ver sua loja facilmente?
- Dá pra estacionar por perto?
- O aluguel cabe no seu bolso?
Se você tá sem grana pro aluguel dos seus sonhos, começa pequeno. Muita gente hoje em dia tá vendendo de casa mesmo, montando um cantinho organizado pra receber clientes. Ou vai testando em feirinhas primeiro.
Deixando bonito: decoração que vende
Não precisa ser aquela loja toda instagramável (embora ajude). O importante é ser limpa, organizada e ter uma luz boa. Luz ruim é terrível pra testar maquiagem!
Nas prateleiras, organizei tudo por tipo de produto. Bases de um lado, batons de outro, sombras juntas… Coloquei espelhos em pontos estratégicos e montei uma mesinha onde as clientes podiam testar os produtos.
Meu xodó foi a “estação de make”, um cantinho com espelho, luz boa e cadeira confortável onde as clientes podiam experimentar os produtos com calma. Algumas ficavam horas lá!
Produtos: o que comprar sem quebrar
No começo, é tentador querer ter de tudo. Mas vai por mim: começa com menos e vai aumentando conforme as vendas.
Comecei com:
- 5 tons de base para cada tipo de pele (clara, média e escura)
- 20 cores de batom (os vermelhos e nudes vendem mais)
- 10 tipos de máscara de cílios (do baratinho ao top)
- 2 paletas de sombra neutras e 2 coloridas
- Produtos básicos para sobrancelha
- Alguns itens de skincare
Onde comprar? Fui na Beauty Fair em São Paulo e fiz contato com fornecedores. Também tem atacadistas online que vendem mais barato. Só cuidado com produto falsificado, viu? Tem muito por aí.
Marketing sem gastar fortunas
Não tinha dinheiro pra propaganda na TV nem outdoor. Mas tinha um celular e muita disposição!
Nas redes sociais: bombando sem pagar impulsionamento

Comecei a postar no Instagram três meses antes de abrir a loja. Mostrava os produtos chegando, a reforma do espaço, dava dicas de maquiagem… Quando abri as portas, já tinha 800 seguidores curiosos!
O que funcionou bem:
- Vídeos curtos testando produtos
- Antes e depois de maquiagens em amigas
- Stories mostrando o dia a dia da loja
- Enquetes perguntando o que as pessoas queriam ver na loja
Minha sobrinha de 16 anos me ajudou com as redes. Ela entendia muito mais que eu desse negócio de algoritmo e hashtag!
Festa de inauguração: chamando a galera
Fiz uma festinha simples na inauguração. Comprei umas tacinhas de plástico, uns salgadinhos, um espumante baratinho e chamei todo mundo que conhecia. Também convidei duas influenciadoras da cidade que tinham uns 5 mil seguidores cada.
A loja ficou lotada! Fiz uma promoção de 20% em tudo só naquele dia, e quase não dei conta de atender todo mundo.
Depois disso, criei um calendário de eventos:
- Mini-cursos de automaquiagem (gratuitos, mas a pessoa geralmente comprava algo)
- Dia de desconto para aniversariantes do mês
- Lançamentos de coleções com champanhe e biscoitinhos
Fazendo cliente voltar: o segredo do sucesso
Cliente que vem uma vez é bom. Cliente que volta sempre é melhor! Criei um sisteminha simples: a cada R$ 100 em compras, a pessoa ganhava um carimbo no cartãozinho. Com 5 carimbos, ganhava um brinde legal.
Também guardava num caderninho o que cada cliente costumava comprar. Quando chegava produto novo que tinha a cara dela, mandava mensagem: “Oi, fulana! Chegou aquela máscara de cílios que você adorou, mas agora na versão à prova d’água. Separei uma pra você!” Gente, como isso funcionava bem!
Controlando o dinheiro: a parte que ninguém gosta
Sou péssima com números, mas tive que aprender. Senão, ia abrir as portas e fechar em três meses.
Anotando tudo: entrada e saída
Usei uma planilha simples do Excel para anotar tudo que entrava e saía. Todo santo dia, antes de fechar a loja, eu anotava as vendas, as compras, até o cafezinho que comprei.
As despesas básicas da loja:
- Aluguel: R$ 1.200
- Luz e água: R$ 300
- Internet: R$ 100
- Taxas e impostos: R$ 200
- Compra de produtos: variável
Colocando preço: sem medo de ganhar dinheiro
No começo, eu tinha vergonha de colocar preço. Achava que tudo estava caro demais. Até que um fornecedor me deu um toque: “Se você não valorizar seu produto, ninguém vai valorizar.”
Usei uma conta simples:
- Preço de custo + 100% para produtos nacionais
- Preço de custo + 150% para importados
Parece muito, mas desse valor saem todas as despesas: aluguel, luz, impostos, embalagens, o meu pró-labore…
Crescendo aos poucos: reinvestindo o lucro
Nos primeiros seis meses, todo centavo que ganhei voltou para a loja. Aumentei o estoque, comprei um computador melhor, contratei uma menina para me ajudar aos sábados.
Só depois comecei a tirar um salário fixo pra mim. No primeiro ano, era menos do que eu ganhava no meu emprego anterior, mas a liberdade de ser minha própria chefe não tinha preço!
Montando a equipe: escolhendo quem vai te ajudar
Comecei sozinha, mas logo vi que precisava de ajuda. Nos primeiros três meses, minha mãe me ajudava nos fins de semana (pagava ela com produtos, ela adorava!).
Quando o movimento aumentou, contratei a Bruna, uma menina que era cliente assídua e entendia tudo de maquiagem. Ela começou part-time e depois virou gerente.
Encontrando gente boa: mais que um currículo bonito
Quando fui contratar, não liguei tanto para experiência. Queria alguém que amasse maquiagem e soubesse tratar bem as pessoas.
Fiz um teste prático: pedi que a candidata me atendesse como se eu fosse cliente. Algumas sabiam tudo sobre os produtos, mas eram secas no atendimento. Outras eram super simpáticas, mas não sabiam diferenciar uma base de uma BB cream.
A Bruna acertou na mosca: conhecia os produtos e tinha um jeito carinhoso de explicar as coisas, sem fazer a pessoa se sentir burra por não saber.
Treinamento constante: aprendendo juntas
Sempre que chegava produto novo, fazíamos um “dia de teste” na equipe. Cada uma experimentava e dava sua opinião. Isso ajudava na hora de indicar para as clientes.
Também fizemos cursos online juntas. Tinha muito material bom e gratuito das próprias marcas. E quando tinha workshop na cidade, mandava pelo menos uma das meninas participar.
Perrengues que enfrentei (e como sobrevivi)
Nem tudo são flores nessa história. Tive meus momentos de “meu Deus, onde fui me meter?”. Compartilho para você não se sentir sozinha quando acontecer.
Altos e baixos nas vendas: janeiro é sempre um susto
Meu primeiro janeiro foi desesperador! Depois de um dezembro bombando por causa do Natal, janeiro as vendas caíram pela metade. Achei que ia falir.
Minha salvação:
- Promoção “Verão Radiante” com descontos em protetor solar e bases mais leves
- Kits “Volta às aulas” para adolescentes
- Oficinas de maquiagem rápida para o trabalho
Concorrência nova: quando abriu uma loja grande pertinho
No meu segundo ano, abriu uma loja grande de uma rede famosa a três quadras da minha. Entrei em pânico! Mas logo vi que podia usar isso a meu favor.
Muita gente ia lá, não encontrava atendimento personalizado e acabava vindo para minha loja. Reforçamos nosso diferencial: atendimento exclusivo, produtos para todos os tons de pele e conhecimento sobre cada item.
Controlando o estoque: a dor de cabeça eterna
Maquiagem vence, gente! E não é barato jogar produto fora. Aprendi da pior forma quando tive que descartar um lote inteiro de bases que passou do prazo.
O que me salvou:
- Sistema de estoque no computador (tem até gratuito na internet)
- Etiquetas coloridas para identificar produtos perto do vencimento
- Promoções estratégicas para itens com menos saída
Histórias que me inspiraram
Durante essa jornada, conheci outras pessoas que tinham lojas de maquiagem e aprendi muito com elas.
A história da Marta: da cozinha para o shopping

Marta começou fazendo cursos de maquiagem e vendendo produtos na cozinha de casa. Hoje tem uma loja linda no shopping da cidade. Ela me contou que o segredo foi o atendimento personalizado.
Ela mantinha um arquivo com as preferências de cada cliente. Sabia que a Dona Maria gostava de batom vermelho, mas só os mais hidratantes porque tinha lábios secos. E a Juliana só usava produtos veganos.
A história do Carlos: o rei dos tutoriais
Carlos era maquiador e virou empresário. Ele fazia vídeos ensinando a usar os produtos, e isso atraía muita gente para sua loja. Hoje, além da loja física, ele tem um espaço onde dá cursos.
Me inspirei nele para começar a fazer pequenos workshops na minha loja. Não sou expert em maquiagem como ele, mas as clientes adoravam aprender coisas básicas, tipo como fazer um delineado simples ou disfarçar olheiras.
Erros que cometi (para você não repetir)
Olha, errei muito! E tá tudo bem. O importante é aprender e seguir em frente.
Não ter reserva financeira: quase fechei as portas
Comecei com pouca reserva financeira e quase me dei mal. Nos primeiros meses, as vendas foram menores que o esperado, e eu já estava suando frio para pagar o aluguel.
Tive que fazer um empréstimo de última hora com juros altos. Lição aprendida: tenha dinheiro guardado para pelo menos seis meses de despesas fixas.
Comprar demais: dinheiro parado na prateleira
Fui numa feira de cosméticos e me empolguei! Comprei um monte de coisa que achei linda, mas que não tinha muito a ver com o perfil das minhas clientes. Resultado: produtos encalhados.
Aprendi que é melhor ter pouco produto que vende muito do que muito produto que vende pouco. Hoje compro com mais cautela e testo novidades em pequenas quantidades.
Não dar atenção ao online: perdi vendas por preguiça
No início, estava tão focada na loja física que negligenciei o Instagram. Postava uma vez por semana, quando lembrava. Grande erro!
Quando comecei a postar todo dia, mesmo que fosse só um story rápido mostrando as novidades, as vendas aumentaram. Muita gente vinha à loja virtual depois de ver algo no Instagram.
- Um resumão do que você precisa para abrir sua loja de maquiagem:
- Planejamento bem feito (chato, mas necessário)
- Conhecer seu público (converse com as pessoas!)
- Escolher bons fornecedores (qualidade é importante)
- Controlar as finanças desde o dia 1 (anote tudo!)
- Manter presença online ativa (poste, poste, poste)
- Atendimento que faz a diferença (seja você mesma)
- Equipe que veste a camisa (pessoas certas valem ouro)
- Adaptação constante (o que funcionou ontem pode não funcionar hoje)
Perguntas que sempre me fazem sobre abrir uma loja de maquiagem
- Quanto custa abrir uma loja pequena de maquiagem? Entre R$ 30 mil e R$ 100 mil, dependendo do tamanho e localização. Comecei com R$ 40 mil e foi apertado.
- Dá para abrir sem entender nada de maquiagem? Dá, mas é mais difícil. Você vai precisar de alguém que entenda ou estudar muito antes.
- Como achar fornecedores confiáveis? Feiras do setor, grupos de lojistas no Facebook e indicações de outros comerciantes são bons caminhos.
- Quais produtos vendem mais? Base, batom e máscara de cílios são os campeões de venda em qualquer loja de maquiagem.
- Como divulgar a loja gastando pouco? Instagram, parcerias com influenciadoras locais e eventos pequenos na própria loja.
- Preciso contratar maquiador profissional? Não é obrigatório, mas ter alguém que saiba aplicar bem os produtos ajuda muito nas vendas.
- Como lidar com meses de poucas vendas? Prepare-se financeiramente e crie promoções estratégicas para esses períodos.
- Quais cuidados de higiene são importantes? Produtos para teste devem ser higienizados após cada uso, e é bom ter álcool em gel disponível para os clientes.
- É melhor franquia ou loja própria? Franquia tem mais suporte, mas menos liberdade. Loja própria dá mais trabalho, mas você decide tudo.
- Em quanto tempo a loja começa a dar lucro? Com boa gestão, entre 6 meses e 1 ano. Mas prepare-se para reinvestir muito no começo.